sábado, 24 de dezembro de 2011

Ventilador

Ventilador.
Ventila a dor.
Ventila mais que tá doendo.
Vem, tira a dor.
Vem, tira mais que eu tô morrendo.
Ventila a dor.

Sobrou o chão

Colchão de vento pra deitar no ar.
Colcha no chão pra me refrescar.
Concha na mão pra te aprisionar.
Colchão de amor pra fingir que é mar.

Só sobrou o chão pra me deitar.

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Eu nunca me mataria.







Mas não teria problema algum em morrer hoje.

domingo, 18 de dezembro de 2011

Hão

É como um ciclo.
As sensações vêm e vão.
Quando vêm, sinto que nunca mais irão.
Quando vão, sinto que nunca mais virão.
Quando penso que posso sentir, sinto logo que é em vão.
Se me permito tentar tocar, sei que é essa a sensação.
Um motim de informação.
Um pausa no coração.
Um soluço e um sorriso jogados no chão.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Silêncio
Silênci
Silênc
Silên
Silê
Sil
Si
Shhhhhhhhhhhhhhhh!

Cheiros

Gosto de cheiros.
Cheiros característicos.
Ou cheiros que não seriam muito bem aceitos.
Cheiro de gente.
De pele.
Cheiro da rotina.
Do cansaço.
Do humor.
Do suor.
Cheiro do sexo.
Cheiro de dormir.
Cheiro.
Gosto bastante.
Cheiro de gente.
Do seu cheiro. Da gente. 

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

O Diário de um Vagal

O primeiro passo para ter uma vida absolutamente desconpensada, é cumprir horários.  Certifique-se de que irá dormir bem tarde todos os dias. Use esse tempo acordado para coisas inúteis como assistir uma temporada inteira de um seriado que você gostou em apenas um dia ou então ficar no facebook stalkeando as pessoas que você não consegue pegar. Lembre-se de se culpar bastante por estar fazendo essas coisas, mas não deixe que a culpa o impeça de continuar.

Se você seguir essa primeira dica de forma correta, logo verá os resultados que ela traz. Seu sono será bem mais pesado e você não vai escutar ninguém que faça barulho à sua volta. Quando se deitar por volta das cinco da manhã, depois de várias punhetinhas e novos sites pornôs na sua lista de favoritos, você vai cair como uma rocha. E continuar como uma rocha até que a sua segunda necessidade mais importante depois do sexo te acorde: a fome.

Por ter dormido tão tarde e ter comido várias besteiras durante seu período acordado de madrugada, a fome irá te acordar tarde também. Por volta das três da tarde você irá abrir os olhos e ficar se perguntando se comer aquela comida que ficou em cima da pia a noite inteira vale o sofrimento de levantar da cama. Claro que não! Aquela lasanha estranha nem deve estar boa para consumo ainda. Mas você já comeu coisas piores, não é? E nunca passou mal. Só uma vez que teve que ir correndo pro hospital com uma infecção alimentar. Não, não vale a pena.

Então você decide que é melhor dar um pulo da cama, pegar seu smartphone, correr pro banheiro, sentar no vaso e começar ali, no trono, as primeiras atualizações da sua vida virtual. Nenhuma mention no twitter, nenhuma notificação interessante no seu facebook, seu e-mail lotado de propagandas dos sites de compras coletivas que você nunca se inscreveu e ninguém novo por perto no Grindr.

Depois de dar descarga no vaso que você nem usou, é hora do banho. A hora do banho é uma hora mágica. É a hora em que você se arrepende da vida que tem levado e jura a si mesmo que vai mudar o rumo dela. Que vai arranjar um emprego legal, que vai arrumar seu quarto, que vai lavar sua pilha de roupa suja e cumprir com suas obrigações na casa que mora.

 Passa o xampu, o sabonete pelo corpo, a água quentinha caindo na cabeça e te obrigando a fechar os olhos... O resultado? Uma ereção, claro! É inevitável uma ereção nesses momentos de carência. Uma ereção que te faz logo lembrar daquele loirinho delícia que você pegou e agora tá te dando perdido, sabe? Daquele sexo selvagem que você nunca teve com o vizinho; daquele cara no Grindr que você é louco pra pegar, mas que tem “sérias restrições a fumantes e pessoas mais novas”.

E ali mesmo no banho, você resolve tudo isso com uma punheta meia boca. Daquelas que você nem se lembra mais porque começou. Mas tudo bem. Agora você tesá satisfeito e com fome. Na geladeira tudo o que tem é ovo. E nesse mês tudo o que você comeu foi ovo. Ovo frito, ovo mexido, omelete, ovo com nada, ovo com tudo, ovo com ovo. Uma delícia. Faça dessa mais uma refeição sua. Coma até decidir que comeu de mais e precisa de uma soneca.

Qual o problema de uma simples soneca? É super natural que você fique cansado depois de comer tanto. Mesmo que esteja acordado há apenas 5 horas. Então você se aconchega na cama, fecha a janela pra ficar escurinho, assiste mais um episódio de Friends sem legenda porque você adora “treinar seu inglês” e coloca o celular para despertar daqui a 40 minutos. Hoje tem aquela aula importante que você não pode perder. Fecha os olhos, o alarme toca. “Poxa! Nem descansei nada!” Mais meia hora. Mais uma hora. Mais vinte minutos. Um beck. Mais 2 horas. “Ah, que se dane essa aula!”. O dia termina e você promete a si mesmo que amanhã será diferente. Depois de um juramento sincero, a única coisa que se consegue pensar é: "Ahan, sentá lá, Cláudia."
Sentei.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

A Busca

E abriu a porta com cuidado e logo a luz da sala escorreu por todo quarto até então escuro. O frio gélido na espinha lembrou aquele já sentido num momento de adrenalina. "Não deve ser tão ruim assim", pensou. A luz amarelada do outro cômodo agora era diferente. Parecia dançar nas paredes. Revolver como fogo por entre seus olhos. Não sentia frio, não sentia calor, não ouvi nenhum som, nem mesmo sabia em que posição estava. Sentia ar. Mas era diferente daquele costumeiro ar que passara por entre seus pulmões. Era um ar que não podia ser tocado. Mas que podia ser sentido. 
Os olhos ziguezagueavam dentro de suas órbitas. Era a única linguagem que aquele pedaço de matéria quase inanimada conseguia tentar expressar. Mas nada podia ouvir. E num último senso de consciência, fechou os olhos e deixou que a porta se fechasse novamente e que a escuridão  tomasse conta daquela singela luz dançante.

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Dirty Lusíadas

Oi. 
Poderia eu fazer-te companhia até que o luar dissipe seus raios prateados sobre nós?
Ou poderia eu, convidar-te a um passeio animado aos campos de lírios, orvalhado pelo suor de nossos corpos dançando?
Afastaremos juntos, qualquer desavença com o prazer. 
Ascenderemos juntos a esse extremo, com suas vigas firmes preenchendo meus lábios.
Recheando de leveza a boca, essa que sentirá atração espontânea de inundar de pele a sua. 
De dividir nosso líquido, enlaçando nossas línguas em um duelo.
E no ritmo dançante daquela que construiu um pouco de seu extremo com latinhas no cabelo, olharemos um pro outro e fingiremos que meu objetivo é meu fim.

domingo, 28 de agosto de 2011

Completos

Os lençóis brancos, já banhados de suor; a sua voz trêmula sussurrando bobagens deliciosas no meu ouvido; o seu corpo quente entrando em ebulição junto ao meu; teu sorriso tímido desbancando essa imagem de prazer; a lua cheia assistindo a nós dois.

O tempo frio contrastando as janelas abafadas; uma música inusitada preenchendo o silêncio do encontro de nossas bocas; o silêncio de nossas bocas sendo preenchidas pela dança compassada das nossas línguas.

As marcas visíveis dos meus dentes na tua pele; a ternura nítida de um abraço que encaixa perfeitamente; o estalo agudo dos beijos desengonçados; 

O espasmo brusco de um corpo em pulsação; a pausa brusca de um toque sensível; os olhares sinceros de compreensão mútua.

Meu corpo preenche o seu. Teu corpo preenche o meu. E nos encontramos completos no peito de um merecido descanso. 

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

O Pássaro

Vejo, lá fora, o pássaro que voa.
Que pousa nas correntes invisíveis e estende as asas para a queda livre. Que dessoa
Lá fora, vejo o pássaro que voa.
Que se sente livre para amar o que quer e confiante para ser o que é. Que ressoa.
Lá fora, vejo você, meu pássaro que voa.
Que define as horas do meu dia e me faz desejar ser completo. Me sobrevoa.
E eu sou só aquele galho nada seguro na árvore distante,
desejando ter a sorte de você, um dia, pousar em mim.

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Ao Mar

Peco por não viver essas palavras jogadas no muro.


Invento um coração e um sorriso e uma compaixão pra me esconder atrás dos resquícios que escorrem.


Resquícios de dor. Resquícios de amor. Resquícios de palavras.


Me encontro preso atrás de mim mesmo.


Escondido por entre as sombras daquilo que não me permito ser.


E me percebo um fracasso. Um inútil. Uma farsa.


Sei de um pedaço dos meus desejos que me enlaça. E caio no mar,
me afogando pelo próprio peso que eles têm sobre mim.