Cronos me engoliu.
Filho ingrato que sou,
me agarrou com suas de garras de homem-touro-leão
e não tinha intenção de passar.
Serpenteava envolta do mundo
guardando a terra que um dia eclodiria
pra se transformar em monstro.
Em tripé desequilibrado pelo medo da cria.
Vazia.
Desprovida de chifres, de garras ou sabedoria.
Que morde o próprio rabo
com gosto amargo do sangue escorrido.
Arrependido.
E que congelado, não podia mais seguir adiante.
Que me fez desbotar as escamas polidas
pelas mãos do amor.
Contrariado por não saber quem sou
amarrei-me à pedra da incerteza
e me joguei no mar do vazio
que é minha incompreensão.
Sem destino. Sem paraíso. Sem redenção.
terça-feira, 6 de agosto de 2013
sexta-feira, 2 de agosto de 2013
Calafrios
Não quero falar do que não vivi
se posso correr pra não te enxergar
eu o faço, sem pressa
e já me despeço.
De que adianta te desejar
Uma boa partida, até logo, adeus?
Se bem lá no fundo
não sei desligar
se paro um instante
minha mente te caça
meu corpo te abraça
meus lábios se enchem
do vazio que você se fez.
Brinco de ser um pouco maior
me contento em fingir
acredito em tudo
até que seu vulto se mostra
e se prostra;
em corpos que não são seus
em braços que não se encaixam
abraços espaçosos e
pensamentos irrompidos.
Invoco cada poro seu
pra me sentir melhor
e entender as fábulas que me conto
em prato.
Em murmúrios escondidos
sussurros noturnos
gemidos abafados
palavras dedicadas
passadas.
Que não desgrudam do meu presente
e o que mais me corrói
e saber que você não sente.
se posso correr pra não te enxergar
eu o faço, sem pressa
e já me despeço.
De que adianta te desejar
Uma boa partida, até logo, adeus?
Se bem lá no fundo
não sei desligar
se paro um instante
minha mente te caça
meu corpo te abraça
meus lábios se enchem
do vazio que você se fez.
Brinco de ser um pouco maior
me contento em fingir
acredito em tudo
até que seu vulto se mostra
e se prostra;
em corpos que não são seus
em braços que não se encaixam
abraços espaçosos e
pensamentos irrompidos.
Invoco cada poro seu
pra me sentir melhor
e entender as fábulas que me conto
em prato.
Em murmúrios escondidos
sussurros noturnos
gemidos abafados
palavras dedicadas
passadas.
Que não desgrudam do meu presente
e o que mais me corrói
e saber que você não sente.
Sombra de aroma azul
Compressão interna em vão
Antítese sobre o torno nu
Análogo ao complexo não
Sobressai à compreensão
Daqueles que se julgam só
Exílio por comparação
Desespero preso num nó
Expresso continuado
Excedido pelo timbre da alma
Quando o texto parece anulado
E o sentimento finalmente se acalma
Compressão interna em vão
Antítese sobre o torno nu
Análogo ao complexo não
Sobressai à compreensão
Daqueles que se julgam só
Exílio por comparação
Desespero preso num nó
Expresso continuado
Excedido pelo timbre da alma
Quando o texto parece anulado
E o sentimento finalmente se acalma
quarta-feira, 5 de junho de 2013
Nuvem de Vapor
Paro pra pensar
Em todo torpor
E sem pestanejar
Eu vou
Vou evaporar
Ser nuvem de vapor
Te fazer suar
Secar todo pavor
Eu vou te abraçar
Ser o seu calor
Eu vou te calar
Vou te escutar
Eu vou te deixar ver quem sou
Eu vou te roubar
Te trazer pra mim
Vou me condensar
E escorrer em ti
Eu vou ser a chuva que veio desaguar
Em todo torpor
E sem pestanejar
Eu vou
Vou evaporar
Ser nuvem de vapor
Te fazer suar
Secar todo pavor
Eu vou te abraçar
Ser o seu calor
Eu vou te calar
Vou te escutar
Eu vou te deixar ver quem sou
Eu vou te roubar
Te trazer pra mim
Vou me condensar
E escorrer em ti
Eu vou ser a chuva que veio desaguar
terça-feira, 4 de junho de 2013
Gira
O sol no ar
A lua luar
Num giro de sol
Que gira de dia
Que girassol
Que anuncia a lua
Que reflete pra flor
Porque que ela gira
A lua luar
Num giro de sol
Que gira de dia
Que girassol
Que anuncia a lua
Que reflete pra flor
Porque que ela gira
Moça
Moça
Me diz como faz pra te ter
Ter sentada, em pé, de costas
Sem andar, sem atropelo
Segurei pra não cair
Segui depois do tropeço
Moça
Me pego pensando no encaixe
Das sílabas tortas sinuosas
Grunhidos e barulhos de pele
Que toca e que troca
E que brota água
Salgada
Daquelas que mata a sede
Mas só aumenta o desejo
De sibilar mais grunhidos insinuantes
De troca de pele
Que é toca que me protege
Da água salgada que brota
Sufoca
Enforca
Desbota
sábado, 18 de maio de 2013
Deita Aqui
Deita aqui, puxa o lençol
Aqui de baixo o silêncio nos aquece
O sol clareia a intenções
Como uma lanterna chinesa
Vermelha
Acesa
Olha pra mim, não faz assim
que a sua sombra não satisfaz
Esquece o tempo, quero só nós
O que não for, hoje fica pra depois
E eu te asseguro, pode vir
Que hoje nada vai ultrapassar
o vidro da janela do meu quarto
Nem meu coração fulgáz
Eu não fiz nada pra impedir
Quem quiser que tente ouvir
Nossa sintonia vibrar
Deita aqui, fica mais
Descansa o peito, joga a cabeça pra trás
Que hoje o tempo não importa
Não mais
Vou fechar essa janela
Te enxergar com toque no escuro
E tentar te completar
Deita aqui
quinta-feira, 16 de maio de 2013
Loucura
Na escala que vai do mais são ao mais louco, fui taxado mais pro lado de lá. Bem perto do amante-deprimido-passivo-agressivo que esquece que existe um presente e colado bem ao lado da loira perfeitinha que passa lenço umidecido em cada uma das uvas antes de comer.
Na escalara que mede a loucura, não existe o mais são.
São todos extravagâncias doloridas que o destino, sábio que é, colocou num mundo de vícios e pseudo livre-arbítrio só pra se divertir. É aquela fumaça escura bem ali, sentada, nos olhando atentamente e chorando de rir. Ela gosta do dúbio e prefere gargalhadas cheias de lágrimas a se enterrar numa só sensação.
É sua escolha não acreditar que pode escolher.
Na escalara que mede a loucura, não existe o mais são.
São todos extravagâncias doloridas que o destino, sábio que é, colocou num mundo de vícios e pseudo livre-arbítrio só pra se divertir. É aquela fumaça escura bem ali, sentada, nos olhando atentamente e chorando de rir. Ela gosta do dúbio e prefere gargalhadas cheias de lágrimas a se enterrar numa só sensação.
É sua escolha não acreditar que pode escolher.
quarta-feira, 15 de maio de 2013
Desespero Crônico
Os homens, em sua maioria, levam vidas de sereno desespero. O que se chama de resignação é desespero crônico. Vão das cidades sem perspectivas para o campo sem futuro, e "terminam por se consolarem com a valentia das martas e dos ratos almiscareiros. Uma desesperança esteriotipada mas inconsciente esconde-se mesmo sob os chamados jogos e diversões da humanidade. Não há graça neles já que sucedem ao trabalho. Entretanto, manda a sabedoria não se desesperar com as coisas.
Quando consideramos aquilo que, para usar as palavras do catecismo, é a principal finalidade do homem, e em que consistem verdadeiras necessidades e recursos da vida, tem-se a impressão de que os homens elegeram deliberadamente seu habitual modo de viver porque o preferiram a qualquer outro. No entanto, pensam honestamente que não há opção, se bem que os espíritos mais altivos e saudáveis se dão conta de que o sol nasce todas as manhãs e de que nunca é tarde demais para abrir mão de preconceitos. Afinal, nenhum modo de pensar ou agir, por mais consagrado que seja, pode merecer cega confiança. O que hoje todos aceitam, louvando ou em silêncio, pode revelar-se amanhã como um equívoco, mera fumaça de opinião que alguns tomaram por nuvem que espargiria chuva fecundando os campos. O que as pessoas mais velhas dizem que não se pode fazer, tentar e acabar por conseguir. Fiquem os velhos com as velharias e os novos com as novidades! Tempo houve em que as pessoas de idade eram incapazes de arranjar combustível para manter o fogo aceso. Hoje, a turma jovem põe lenha na caldeira e dá a volta ao globo mais rápido que pássaros, quase matando os velhos de susto. Idade não é documento e os jovens podem ser tão qualificados quanto os velhos, já que estes perderam mais do que ganharam. Pode-se inclusive duvidar que o mais sábio dos homens tenha aprendido com a vida algo de real valor. Na prática, os velhos não têm conselhos muitos importantes a dar aos jovens, a experiência deles sendo parcial e suas vidas míseros fracassos que procuram justificar, além da possibilidade de que lhes reste alguma fé que contradiga toda a experiência, e que, somando tudo, sejam apenas um pouco menos jovens do que já foram um dia. Há mais de vinte anos (pouco, eu sei) que vivo neste plante e ainda estou por ouvir uma palavrinha que seja de valor, ou um conselho razoável vindo de meus superiores. Nunca me disseram nada e provavelmente não podem me dizer nada que valha a pena. Eis a vida, experiência em grande parte desconhecida para mim, mas nada me beneficia o fato de que outros a conheçam. Se possuo qualquer experiência válida, tenho certeza de que meus mentores nunca a comentaram.Certo agricultor diz: "não se pode viver só à base de alimentos vegetais porque não fornecem matéria-prima para os ossos", e de acordo com isso dedica religiosamente parte do dia a suprir essa deficiência em seu sistema e vai caminhando o tempo todo atrás de bois que, com ossos feitos de vegetais, arrastam às sacudidelas, ele e o arado pesadão, vencendo todos os obstáculos. Há coisas verdadeiramente necessárias à vida em algumas classes sociais mais desassistidas e enfermas, enquanto que em outras são supérfluas e em terceiras, desconhecidas.
Para algumas pessoas é como se o chão da vida humana, das montanhas aos vales e o que aí se encontra, tivesse sido percorrido inteirinho por seus antepassados. O sábio Salomão ditou regras até para a distância entre as árvores e os pretores romanos haviam estabelecido quantas vezes um cidadão podia legalmente colher as bolotas dos carvalhos que lhes pertenciam, entrando no terreno do vizinho onde caíam, bem como a percentagem de frutos que cabia ao dono da terra. Hipócrates, o palhaço, chegou a deixar instruções sobre a maneira pela qual devíamos cortar as unhas, isto é, acompanhando o contorno dos dedos, nem maiores nem menores. Sem sobra de dúvida, o tédio e os aborrecimentos, que suponho terem exaurido a variedade e a alegria de viver, são velhos como Adão. O potencial do homem, porém, nunca foi medido, nem podemos avaliá-lo baseados em precedentes, pois tem-se tentado muito pouco. O Quaisquer que tenham sido os fracassos até agora, "não te aflijas, meu filho, pois quem te responsabilizaria pelo que deixaste de fazer?".
segunda-feira, 13 de maio de 2013
Bom dia pra você
A opção soneca me
atrasou de novo
Levanto correndo,
visto qualquer coisa
Passo um creme no
cabelo e já pego o celular
“Bom dia pra você”
Vou correndo pro
trabalho, o metrô tá atrasado
O que vou dizer pro
chefe
Penso se você já
viu o meu
“Bom dia pra você”
Passo a manhã sob
pressão
Mil coisas pra
entregar
Será que você
lembrou de mim?
O celular vibra e eu vou correndo atender
O celular vibra e eu vou correndo atender
Era só mensagem
propaganda da TIM
Eu não tenho que te
ver todo dia
Mas preciso saber
que você está aqui
E se você não me
responde eu vou pensar
Que você já não
me quer
Que foi embora com
alguém
Que só mentiu pra
se dar bem
Que eu já não
sirvo, que eu sou feio
Que o sexo esfriou
Vou descobrir quem
ele é
Vou encontrar vocês
dois juntos
E vou mostrar quem
grita mais
Dou meia hora pra
ligar
E dizer que é só
um oi, mais nada
Pego o celular e só
então vejo um aviso
Erro: mensagem não
enviada
quinta-feira, 18 de abril de 2013
É um pecado não pecar
É um pecado não pecar
Da forma pura e mais ingênua e mais premeditada
Com a boca salivando e o coração disparado
É uma pecado não pecar
Com os olhos cheios de lágrimas, de dor, de frustração
Com o peito cheio de um vazio inexplicável
Nenhuma história de amor pra contar
É um pecado não pecar
Da forma pura e mais ingênua e mais premeditada
Com a boca salivando e o coração disparado
É uma pecado não pecar
Com os olhos cheios de lágrimas, de dor, de frustração
Com o peito cheio de um vazio inexplicável
Nenhuma história de amor pra contar
É um pecado não pecar
Assinar:
Postagens (Atom)