E abriu a porta com cuidado e logo a luz da sala escorreu por todo quarto até então escuro. O frio gélido na espinha lembrou aquele já sentido num momento de adrenalina. "Não deve ser tão ruim assim", pensou. A luz amarelada do outro cômodo agora era diferente. Parecia dançar nas paredes. Revolver como fogo por entre seus olhos. Não sentia frio, não sentia calor, não ouvi nenhum som, nem mesmo sabia em que posição estava. Sentia ar. Mas era diferente daquele costumeiro ar que passara por entre seus pulmões. Era um ar que não podia ser tocado. Mas que podia ser sentido.
Os olhos ziguezagueavam dentro de suas órbitas. Era a única linguagem que aquele pedaço de matéria quase inanimada conseguia tentar expressar. Mas nada podia ouvir. E num último senso de consciência, fechou os olhos e deixou que a porta se fechasse novamente e que a escuridão tomasse conta daquela singela luz dançante.