terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Amo

Amo
Amo os gestos, os dedos, os traços
Os cabelos e o sorriso de lado
Amo os pelos e o tom da risada
Amo as costas, a frente, os lados
A mão macia na face, ou seu punho fechado
Amo a coincidência das cores das coisas
Amo a essência, amo até seus amores
Amo a parte delicada por detrás da tua perna
Amo quando te pego e te mordo as costelas
Amo tua leitura de mim quando se me desfaço
Amo deitar sobre você e 
encontrar no teu corpo

meu espaço

sexta-feira, 21 de março de 2014

Amor

O amor transforma
Se transforma
Me afasta
Me protege
Me consome

O amor me enfeita
Me acalenta
Me aceita
Me respeita
Me dilacera

Ser amor e dor
me cansa
Ser amor e seja lá o que for
me dói

Amor preso
não transforma.

Amor de chá
de chuva
de sol
de orvalho
Amor de vento
de rede
de balanço
de compasso.
Amor perdido
livre
doente
amordaçado.

Meu amor não me serve
porque não sei o que fazer dele.

terça-feira, 6 de agosto de 2013

Κρόνος

Cronos me engoliu.
Filho ingrato que sou,
me agarrou com suas de garras de homem-touro-leão
e não tinha intenção de passar.
Serpenteava envolta do mundo
guardando a terra que um dia eclodiria
pra se transformar em monstro.
Em tripé desequilibrado pelo medo da cria.
Vazia.
Desprovida de chifres, de garras ou sabedoria.
Que morde o próprio rabo
com gosto amargo do sangue escorrido.
Arrependido.
E que congelado, não podia mais seguir adiante.
Que me fez desbotar as escamas polidas
pelas mãos do amor.
Contrariado por não saber quem sou
amarrei-me à pedra da incerteza
e me joguei no mar do vazio
que é minha incompreensão.

Sem destino. Sem paraíso. Sem redenção.

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Calafrios

Não quero falar do que não vivi
se posso correr pra não te enxergar
eu o faço, sem pressa
e já me despeço.
De que adianta te desejar
Uma boa partida, até logo, adeus?
Se bem lá no fundo
não sei desligar
se paro um instante
minha mente te caça
meu corpo te abraça
meus lábios se enchem
do vazio que você se fez.
Brinco de ser um pouco maior
me contento em fingir
acredito em tudo
até que seu vulto se mostra
e se prostra;
em corpos que não são seus
em braços que não se encaixam
abraços espaçosos e
pensamentos irrompidos.
Invoco cada poro seu
pra me sentir melhor
e entender as fábulas que me conto
em prato.
Em murmúrios escondidos
sussurros noturnos
gemidos abafados
palavras dedicadas
passadas.
Que não desgrudam do meu presente
e o que mais me corrói
e saber que você não sente.

Sombra de aroma azul
Compressão interna em vão
Antítese sobre o torno nu
Análogo ao complexo não

Sobressai à compreensão
Daqueles que se julgam só
Exílio por comparação
Desespero preso num nó

Expresso continuado
Excedido pelo timbre da alma
Quando o texto parece anulado
E o sentimento finalmente se acalma

quarta-feira, 5 de junho de 2013

Nuvem de Vapor

Paro pra pensar
Em todo torpor
E sem pestanejar
Eu vou

Vou evaporar
Ser nuvem de vapor
Te fazer suar
Secar todo pavor

Eu vou te abraçar
Ser o seu calor
Eu vou te calar
Vou te escutar
Eu vou te deixar ver quem sou

Eu vou te roubar
Te trazer pra mim
Vou me condensar
E escorrer em ti
Eu vou ser a chuva que veio desaguar

terça-feira, 4 de junho de 2013

Gira

O sol no ar
A lua luar
Num giro de sol
Que gira de dia
Que girassol
Que anuncia a lua
Que reflete pra flor
Porque que ela gira