Eu acredito em nada.
E acredito em tudo também. Afinal, tudo e nada é mesma
coisa. Só têm nomes diferentes, mas são a mesma coisa.
Todo mundo é tudo. E todo mundo é nada. A essa altura não é
mais necessário falar dos dois tempo inteiro. Vamos chamar essa dicotomia apenas de
nada. Soa mais dramático.
Todo mundo é nada. Todo mundo é preenchido por apenas uma
certeza no mundo: a de ser nada. A de ser tanta coisa, em tanta visão
diferentes, tantos orgulhos diferentes, tantas referências, deficiências,
necessidades, medos e carências diferentes, pra no fim sermos a mesma coisa. Só
mais um punhado de nada.
O problema é que não aceitamos ser nada. Só pensamos em ser
tudo. Em ter tudo. Em conquistar tudo.
Se aceitarmos a primeira afirmativa do texto, já poderíamos
dormir tranquilo, pois finalmente atingimos nosso objetivo.
Objetivo é processo. Não é destino.
Ninguém alcança nenhum objetivo. Só usamos essa desculpa pra
nos manter ocupados. E logo ter a certeza de algum outro objetivo. E fingir que
é esse o ciclo da vida.
O bom de ser nada é pararmos de criar expectativas. São as
expectativas que nos fazer perder a tranquilidade na hora de colocar a cabeça
no travesseiro. Sempre estaremos frustrados.
A menos que você aceite ser nada. Você já é tudo, não tem
mais com o que se preocupar. Nem esperar. E nem se frustrar.